quarta-feira, 2 de julho de 2008
TodOLadO
Há corpos inertes por todo lado. Olhares melancólicos, pensamentos distantes, desejos incontidos, tristezas guardadas. Uma musica toca e anuncia o refúgio da solidão. Capítulos da vida repetidos. E seguem os corpos inertes por todo lado. Entre barras metálicas frias e oscilantes há uma verdade vigiada. Corações aflitos consumidos pela rotina. E como sonhos eclodindo em cada rosto esboçam-se movimentos. Suaves agora e depois agressivos, mas sempre graciosos. Corpos dançam por todo lado. E ainda há barras oscilantes entre os seres que dançam. Olhares frios cortam o ar. A sensação de se estar em um lugar que já fora seu outrora. Uma ação, um gesto, um grito já vividos. O repetir do sentimento como repetidas são as batidas do coração. Isto é todo lado. Inteiro e desconexo de sentido. Desejo do eu em sua condição humana. Todo lado é cênico, é ritmo, é vazio existencial já vivido ou revivido. Chance de encontrar a si mesmo. Um espelho para se rever e refazer-se a alma. Todo lado é o corpo que fala. Todo lado é o outro lado que já fomos, vivemos, sonhamos, contando da mesma forma e de muitas outras. Todo lado é um jogo cênico que culmina num abraço pressentido enquanto, outra vez, toca a mesma musica para que a vida seja reescrita...
Dôga Oliveira.